terça-feira, 17 de agosto de 2010

Camões.

Busque amor novas artes, novo engenho,
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, embora não pode haver desgosto,
Onde esperança falta, lá me esconde,
Amor um mal, que me mata e não se vê.
Que dias há que na alma me tem posto,
Um não sei o quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei por quê.

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